Notícias Lusófonas
Portugal - Repressom e direitos humanos |
Terça, 09 Novembro 2010 01:00 |
Notícias Lusófonas - [Orlando Castro] A Linha portuguesa do Cidadão Idoso da Provedoria da Justiça recebeu 2570 chamadas no último ano, das quais cerca de dez por cento foram relacionadas com maus tratos
Dados divulgados pela Provedoria de Justiça referem que a Linha do Cidadão Idoso recebeu 2570 chamadas entre 9 de Novembro de 2009 e 8 de Novembro deste ano, 194 das quais relacionados com maus tratos físicos e psicológicos. Como se já não bastasse terem de também eles de viver sem comer, dando cumprimento ao determinado pelo governo socialista de Portugal, ainda por cima são mal tratados. A Linha do Cidadão Idoso reabriu há um ano, depois de ter estado três meses suspensa por ordem do novo provedor de Justiça, Alfredo de Sousa.
Segundo a Provedoria de Justiça, as questões mais colocadas estão relacionadas com saúde (244 chamadas), apoio domiciliário (240), maus tratos (194), lares (165), reclamações (113), abandono (106), acção social (93) e serviços de apoio (84). Fazendo uma comparação entre o último ano de funcionamento da linha e o período anterior à sua suspensão, a Provedoria de Justiça destaca uma alteração ao tipo de chamada recebida. No último ano registou-se um aumento das situações de maus tratos e uma diminuição de chamadas relacionadas com informações sobre serviços de apoio. No período antes da suspensão da linha (entre Julho de 2008 e Julho de 2009), o número de chamadas foi superior às recebidas desde a sua reabertura até hoje, adianta a Provedoria de Justiça, justificando com a suspensão do seu funcionamento. A Linha do Cidadão Idoso trata a chamada telefónica de acordo com a situação denunciada, podendo limitar-se a prestar informação e encaminhamento ou mediar entre o reclamante e as autoridades competentes e efectuar diligências para uma resolução mais expedita. "Se esta actuação não for bastante, é aberto um processo formal na Provedoria de Justiça", adianta a instituição. Refere também que, ao tratar as queixas, a linha entra em contacto com as autoridades competentes para apurar informação e procurar, conjuntamente com elas, a solução que melhor sirva o interesse do idoso. O número gratuito (ao menos isso) de telefone da linha do Cidadão Idoso (800 20 35 31 begin_of_the_skype_highlighting 800 20 35 31 end_of_the_skype_highlighting) funciona nos dias úteis entre as 09h30 e as 17h30. A Linha do Cidadão Idoso serve para divulgar junto das pessoas idosas informação sobre os seus direitos e benefícios nas áreas de saúde, segurança social, habitação, obrigações familiares, acção social, equipamentos e serviços, entre outras. O que vale é que, pelo menos às segundas, quartas e sextas (aos outros dias diz o contrário) o primeiro-ministro de Portugal não se cansa de propagandear as suas políticas sociais, o complemento solidário para idosos, os medicamentos genéricos gratuitos para idosos com rendimentos inferiores ao salário mínimo e o alargamento da rede de cuidados continuados integrados. Espera-se, entretanto, que os idosos tenham ouvido bem, apesar das inerentes dificuldades auditivas em função da idade, o que o primeiro-ministro disse. Ou seja: "Diz-me como tratas os teus idosos, dir-te-ei se tens justiça e solidariedade na tua sociedade". O primeiro-ministro de Portugal, secretário-geral do PS, dono da verdade, Licenciado em engenharia civil, Pós-graduado em Engenharia Sanitária, na Escola Nacional de Saúde Pública, militante do Partido Socialista desde 1981, de seu nome José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, rejeita com toda a autoridade moral que (não) tem, as "lições de esquerda" que alguns tentam dar ao Governo, sublinhando que nunca um executivo deixou tantas marcas nas políticas sociais. "Alguns estão a tentar dar lições de esquerda ao PS, mas não me recordo de um período onde um Governo tivesse deixado tantas marcas de esquerda", afirmou em 27 de Janeiro de 2008 José Sócrates, no encerramento de um encontro do PS/Setúbal. É claro que ele já não se lembra de ter dito isso. Se nem do que disse ontem se lembra... De facto, este Governo deixa marcas em tudo o que toca. Algumas de tal maneira expressivas que durarão anos a passar e que, é claro, custarão muitos sacrifícios a quem tiver de pagar a factura. Nesse mesmo dia, depois de fazer um "ponto da situação" do domínio económico, onde recordou as "alterações estruturais" levadas a cabo pelo executivo, nomeadamente ao nível da consolidação das contas públicas, na segurança social e administração pública, José Sócrates centrou o seu discurso nas políticas sociais, recusando a ideia de que o Governo abandonou as "políticas de esquerda". Sendo que só 7% (sete por cento) dos portugueses ainda acredita nos políticos, será uma medida estrutural tirar aos pobres para dar aos que ganham 30 vezes mais do que a média dos portugueses? Sócrates puxa dos galões para dizer que foi o seu governo quem criou o complemento solidário para idosos, que considerou ser "uma marca de consciência social, que honra qualquer Governo, em particular um Governo do PS". Pois criou. E daí? Consciência Social não está em dar o peixe, está em ensinar a pescar. Está em dar condições aos filhos para que eles possam ser solidários para com os pais. Essa de tirar aos filhos (acabando com a classe média) para dar aos pais, pode honrar qualquer governo socialista, mas não honra um governo que seja decente. "Dizem que o Governo tem feito uma boa gestão, mas tem esquecido a consciência social, (...) mas este Governo avançou com uma das maiores medidas para combater a pobreza nos idosos", referiu na altura José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. Combater a pobreza nos idosos? Basta ver o que se passou com o homem de 79 anos (cremos que deveria ser idoso...) que, em Vila Real, teve de ir de táxi para casa e completamente nu. Foi, aliás, um bom exemplo do combate à pobreza. No dia seguinte Portugal ficou com menos um pobre. O homem morreu no mesmo hospital onde lhe tinha sido dada alta... embora sem roupa. Tão grave como ter um primeiro-ministro que confunde a letargia da criação com a criação da letargia é ter um primeiro-ministro que acredita ser Deus e que, por isso, impõe a razão da força à força da razão.
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